A influencia da Fadiga na Maratona: comparação entre elite e amadores

25/08/2013 02:14

Em março de 2013 publicamos o seguinte resumo em nosso perfil no Facebook:

Um estudo da Brigham Young University, nos EUA, publicado em 2012 demonstrou o quanto a fadiga em uma maratona pode afetar a forma de corrida. Neste trabalho, 179 atletas com um tempo de término variando entre 2h20min47seg e 5h30min30seg, foram filmados por câmeras de alta velocidade (câmeras lentas) no km 8 e no km 40 de uma maratona. Para todos os corredores foram visualizadas diferenças significativas entre os dois momentos. Por exemplo: o tempo de contato do pé com o solo aumentou 13,1%, a máxima flexão do joelho no momento do apoio diminuiu 3,2%, a máxima extensão do quadril diminuiu 27,9%, a flexão do joelho aumentou 4,3% e a flexão do quadril na fase de balanço aumentou 7,4%. Os autores acreditam que estas alterações em todos os corredores seja devido à fadiga. Um dado importante comparando os corredores mais rápidos com os mais lentos é que os mais rápidos apresentaram uma queda menor da máxima flexão do joelho, no apoio, comparados aos corredores mais lentos. Isso demonstra uma melhor capacidade de absorção principalmente no km 40. A justificativa dada pelos autores para este fato é a possibilidade de os corredores mais rápidos estarem melhores preparados para esta prova. Os autores ainda acreditam que o fortalecimento dos extensores do joelho podem facilitar a flexão do joelho durante a fase de apoio em momentos de maior fadiga, neste caso, no final da maratona.

Para dar profundidade ao conteúdo deste artigo, utilizaremos o espaço deste blog para colocar mais conhecimento levantando pelos autores deste estudo.

Um  primeiro ponto é: independente da performance, todos os corredores apresentaram alterações significativas no padrão de movimento entre os quilômetros 8 e 40. Isso demonstra que a fadiga afeta qualquer corredor independente da performance. Uma variável que demonstrou isso foi o tempo de contato com o solo. Os autores discutem que neste caso, a fadiga influenciou no melhor aproveitamento da energia elástica do músculo, especialmente nos músculos que envolvem as articulações do quadril e joelho (glúteos, Quadríceps e Isquiotibiais, respectivamente). Isto resultou em uma diminuição da capacidade de atenuação das forças de reação do solo (3a. Lei de Newton, ação e reação) aumentando o tempo de contato com o solo.

Outra variável de grande importância foi a máxima extensão do quadril na fase de balanço. Esta variável está atrelada ao melhor aproveitamento da propulsão. A fadiga, neste caso, promoveu uma diminuição de quase 30% na extensão do quadril comparando o movimento no km 8 e 40. Os autores creditam esta diminuição a uma maior flexão do tronco, fato normal quando corremos cansados. A discussão destes autores demonstra que esta projeção do tronco à frente, apesar de promover uma melhor estabilidade dinamica, é seguida de uma stress anormal nas articulações dos membros inferiores, facilitando ainda mais o surgimento da fadiga nos músculos desta região e aumentando o risco de lesão.

 

Variáveis Cinemáticas  % variação entre 8 e 40 km

Comprimento de passada               

Aumento de 1,3%

Tempo de Contato do pé no solo                    

Aumento de 13,1%

Máxima flexão do joelho durante o apoio do pé     

Diminuição de 3,2%

Máxima extensão do quadril na fase de  balanço

Diminuição de 27,9%

Máxima flexão do joelho na fase de balanço 

Aumento de 4,3%

Máxima flexão do quadril na fase de balanço

Diminuição de 7,4%

 

Na comparação entre os atletas de elite e os amadores,  os autores afirmam que todos os corredores alteraram a sua forma de correr de forma similar, exceto na variável da máxima flexão do joelho durante a fase de apoio, onde os corredores mais rápidos diminuiram menos esta flexão de joelhos que os corredores mais lentos, nos dois pontos medidos (km 8 e 40). Os autores acreditam que  que esta diferença pode ser explicada considerando as diferenças no treinamento, onde os corredores mais rápidos são mais aptos para produzir força muscular por um periodo mais extenso de tempo comparado aos corredores mais lentos. Além disso, os corredores mais lentos ficaram expostos à corrida por uma tempo consideravelmente maior, já que terminaram em média em 5h e 30 min. Os autores ainda especulam que se os corredores mais rápidos corressem com a mesma duração, os resultados fossem diferentes.

A mensagem que fica é a seguinte: Temos que observar e sentir o quanto a fadiga pode afetar a nossa técnica, pois caso o corredor já apresente algumas deficiências na corrida, a fadiga pode potencializa-las com a alteração dos parâmetros assinalados acima, principalmente se o tempo de exposição à fadiga for elevado, como na maioria dos corredores recreacionais.

Conhecer a sua forma de correr e condicionar o seu organismo a uma maior resistência são pontos fundamentais para que a fadiga não interfira tão fortemente na qualidade de sua corrida.

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